Hoje vamos dar continuidade à série de mensagens sobre os 10 mandamentos, então já peço que irmãos abram suas bíblias no livro de Êxodo, capítulo 20.
Como nós já vimos nas mensagens passadas, os 10 mandamentos fazem parte da aliança que Deus estabeleceu com Israel, por meio de Moisés, depois de libertá-los da escravidão no Egito.
Nesses mandamentos, Deus revela sua vontade para o seu povo, tanto no aspecto moral quanto no aspecto social, ou seja, tanto em relação ao relacionamento do povo para com Deus (como vimos nos quatro primeiros mandamentos) quanto em relação ao relacionamento do povo uns para com os outros (que começamos a ver na mensagem pregado pelo Gustavo, no 5.º mandamento).
Não é atoa que Jesus, em Mateus 22:37-40, resume estes mandamentos em dois grandes mandamentos dos quais dependem toda a lei de Deus, a saber:
Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento, este é o primeiro e maior mandamento; E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’.
Por essa razão, os 10 mandamentos ainda são válidos e extremamente importantes para nós cristãos hoje, pois eles expressam o caráter santo e justo de Deus e mostram a sua vontade para a humanidade.
Hoje, dando continuidade aos mandamentos que tratam de nossa relação com o próximo, falaremos sobre o 6.º mandamento.
Então eu peço que os irmãos me acompanhem na leitura da palavra de Deus registrada em Êxodo 20:13, que diz assim:
Não matarás.
Meus irmãos, o sexto mandamento é um dos mais curtos e simples da lei de Deus, mas também um dos mais profundos e abrangentes.
Esse mandamento diz, de forma muito clara e direta, que não devemos matar pessoas.
Mas você já se perguntou por que não devemos matar? Não parece meio óbvio que matar alguém seja errado? Não é curioso que na grande maioria das sociedades, até mesmo nas tribais, matar alguém seja considerado crime?
No Brasil, por exemplo, a Constituição Federal diz que todos os brasileiros ou estrangeiros residentes no país têm direito à vida, e esse direito é inviolável (Art. 5.º), justamente por isso que matar alguém, no Brasil, é considerado crime (art. 121 do CP).
Não é interessante notar que outras religiões, ou até mesmo ateus, que não acreditam nos 10 mandamentos, concordam que tirar a vida de outra pessoa não é uma atitude correta?
Na verdade, a ideia de que matar alguém seja uma atitude errada está enraizada em nossos corações como uma lei natural infundida por Deus, em virtude de termos sidos criados à sua imagem e semelhança.
A Bíblia nos ensina que Deus criou a vida humana, e deu a ela, e apenas a ela, a sua imagem e semelhança.
Gênesis 1:27 diz:
Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
Se somos todos criados à imagem e semelhança de Deus, então, independentemente da idade, raça, origem, condição social, preferência política, saúde ou deficiência, de ser ou não ser um incômodo para outras pessoas, cada vida humana possui valor e dignidade intrínsecos, inerentes, que fazem parte da sua essência, uma vez que cada vida humana carrega a imagem de Deus.
Vemos isso claramente em Gênesis 9:6, que diz o seguinte:
Quem derramar sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado; porque à imagem de Deus foi o homem criado.
Qual é a base do julgamento aqui? Porque aquele que matar um homem deverá ser morto também? É só porque o homicídio é um crime horrível? Não, a base do julgamento é: porque à imagem de Deus foi o homem criado.
Essa verdade deve moldar a nossa perspectiva sobre a vida humana. Cada vida é sagrada e deve ser respeitada porque cada vida reflete a imagem de Deus.
Ainda que o pecado tenha manchado ou ofuscado a imagem de Deus na humanidade, ela ainda está lá, e por conta disso, essa vida humana deve ser preservada.
E é justamente isso que esse mandamento está protegendo: a vida.
Mas infelizmente, vivemos em um mundo onde a vida é desvalorizada.
Basta abrir o jornal para ver notícias de pessoas tendo suas vidas ceifadas pelos motivos mais bestas possíveis. Por um celular; por uma bicicleta. Já vi um caso de um homem que foi morto porque entrou em casa com o sapato sujo, logo depois que seu “companheiro” tinha acabado de passar pano. As pessoas simplesmente não dão mais valor à vida humana.
Deixe eu apresentar alguns números para os irmãos:
Segundo a Organização Mundial de Saúde:
- Em 2020, cerca de 232 mil pessoas foram vítimas de homicídio no mundo. 20,4% desses homicídios ocorreram no Brasil.
- Anualmente, cerca de 1,35 milhões de pessoas no mundo morrem em decorrência de acidentes de trânsito. 90% desses acidentes são causados por imperícia, imprudência ou negligência dos motoristas. O Brasil é o 5.º país mais violento no trânsito;
- Em 2022, o aborto foi a principal causa de mortes no mundo, pelo quarto ano consecutivo. No total, 44 milhões de bebês foram mortos ainda na gestação. Estima-se que uma a cada 5 gestações é interrompida pelo aborto. No Brasil, cerca de 800 mil mulheres praticam abortos todos os anos.
- No mundo, cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida por ano, isso representa 1 suicídio a cada 40 segundos. Isso significa que o suicídio já causa mais mortes do que doenças como câncer de mama, malária, HIV, guerras e homicídios. No Brasil, temos um suicídio a cada 45 minutos.
Esses números são assustadores, e demonstram que vivemos em um mundo completamente afundado no pecado. E o salário do pecado é: a morte!
A morte é o fim da vida. A morte é uma maldição, uma consequência do mal maior, que é o pecado. Mas mesmo após o pecado ter entrado no mundo, e com ele a morte, Deus continua sendo o autor e doador da vida. Deus deseja que o homem tenha vida, e a tenha em abundância. É por isso que Deus enviou seu filho ao mundo.
João 3:16 diz:
Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
João 1:3-4 diz que todas as coisas foram feitas por intermédio de Jesus; e sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida. Jesus mesmo afirmou, em João 14:6, que Ele era a própria vida. E, em Atos 3:15, Pedro, ao se dirigir aos israelitas, disse: vocês mataram o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos.
É por isso que nós, como filhos de Deus, precisamos ter a convicção de que a santidade da vida humana é um valor inegociável. Devemos ser defensores da vida em todas as suas fases e circunstâncias.
É importante lembrar que a santidade da vida humana não está limitada apenas aos indivíduos que consideramos dignos ou que sejam nossos amigos. Cada pessoa, independentemente de sua posição na sociedade ou de suas falhas e fraquezas, tem o direito à vida, até mesmo nossos inimigos.
Em Lucas 6:27-36, Jesus ensina que devemos amar não apenas os amigos, mas também os inimigos, orando por eles, fazendo o bem a eles, sendo misericordiosos para com eles, assim como Deus é misericordioso.
Portanto, como cristãos, devemos buscar enxergar o valor da vida em todas as pessoas que encontramos, sejam elas conhecidas ou desconhecidas, amigos ou inimigos, porque todas elas refletem a imagem de Deus na terra.
Professar que o homem é a imagem de Deus deveria nos fazer ter em alta consideração a vida do nosso próximo e também da nossa própria vida.
Precisamos nos lembrar que a vida não é um acaso, mas um dom precioso dado por Deus, e ninguém, a não ser Ele, tem o direito de tirá-la. Somente Deus é soberano sobre a vida e a morte. É por isso que o sexto mandamento diz: não matarás!
Talvez, neste momento, você esteja se sentindo um certo alívio. Talvez muitos estejam pensando: finalmente um mandamento que eu ainda não quebrei. Afinal, eu nunca matei ninguém (pelo menos eu presumo que vocês nunca tenham matado ninguém, certo?).
Eu também pensava assim, até estudar mais a fundo o tema e perceber que, na verdade, eu sou praticamente um assassino em série, e talvez, muito provavelmente, você também seja um.
Para entender mais a fundo este mandamento, precisamos responder a seguinte pergunta: o que significa realmente matar? O que significa “matar” no contexto dos dez mandamentos?
A palavra “matar”, traduzida da palavra hebraica “ratsach”, significa tirar a vida de alguém injustamente ou tirar a vida humana sem um justo motivo.
É por isso que muitos estudiosos concordam que a melhor tradução do sexto mandamento seria “não assassinarás” ou “não cometa homicídio”.
Isso porque, quando olhamos para a lei de Deus como um todo, percebemos que nem todo ato de matar era proibido. Há casos, na lei de Deus, que tirar uma vida não é apenas permitido, mas exigido.
Por exemplo, matar alguém em legítima defesa não configura a quebra do sexto mandamento. Vejamos o que diz o texto de Êxodo 22:2:
Se o ladrão que for pego arrombando for ferido e morrer, quem o feriu não será culpado de homicídio.
Ou seja, se a única opção de uma pessoa, para se defender de alguém que entra em sua casa, for matar o intruso, essa pessoa não seria considerada culpada por quebrar o sexto mandamento.
Porém, vejam o que diz o verso seguinte (verso 3):
mas se isso acontecer depois do nascer do sol, será culpado de homicídio.
Isso evidencia que, em caso de legítima defesa, se a única forma de parar uma agressão injusta for tirando a vida do agressor, não há a quebra do sexto mandamento. Porém, se você tiver uma visão clara do que está acontecendo, e perceber que não há necessidade de matar para proteger a si mesmo, a outros ou a seus bens, então não mate, pois se o fizer, estará quebrando o mandamento.
Outro exemplo em que matar não quebrava o sexto mandamento era o homicídio culposo, ou seja, aquele no qual a pessoa não tem a intenção de matar.
Vamos ver o que diz Êxodo 21:12-14:
Quem ferir um homem, vindo a matá-lo, terá que ser executado. Todavia, se não o fez intencionalmente, mas Deus o permitiu, designei um lugar para onde poderá fugir. Mas se alguém tiver planejado matar outro deliberadamente, tire-o até mesmo do meu altar e mate-o.
Percebam que o cerne do pecado, neste caso, está na intenção. Quando alguém, sem intenção, fere outra pessoa e, em razão do ferimento, ela vem a falecer, não haverá a quebra do sexto mandamento. Porém, quando há a intenção deliberada de matar alguém, o sexto mandamento estará quebrado.
Outro exemplo disso está lá em Deuteronômio 19, que descreve as cidades de refúgio.
Deus havia determinado ao povo de Israel que, quando eles ocupassem a terra prometida, deveriam separar três cidades, na região central dessas terras, que serviriam para refugiar pessoas que tivessem cometido homicídio sem a intenção de matar.
O texto traz o seguinte exemplo:
Por exemplo, se um homem for com o seu amigo cortar lenha na floresta e, ao levantar o machado para derrubar uma árvore, o ferro escapar e atingir o seu amigo e matá-lo, ele poderá fugir para uma daquelas cidades para salvar a vida. Do contrário, o vingador da vítima poderia persegui-lo enfurecido e alcançá-lo, caso a distância fosse grande demais, e poderia matá-lo, muito embora este não merecesse morrer, pois não havia inimizade entre ele e o seu próximo. (Dt 19:5-6)
O texto em questão trata de alguém que matou outro ser humano, casualmente, ou seja, sem a intenção de matar, alguém sobre quem ele não nutria nenhum tipo de inimizade.
Nesses casos, para que algum parente da vítima, em vingança, não o matasse. O Senhor estabeleceu cidades de refúgio, para o exílio daquele que matou acidentalmente.
Entretanto, a sanção era diferente para quem já nutria ódio contra a vítima. Se alguém armasse uma cilada contra outrem, derramasse sangue inocente e fingisse que o ato foi acidental, buscando abrigo em uma cidade de refúgio, deveria ser punido. Nesses casos, a pena de morte era aplicada. É isso que diz Deuteronômio 19:11-13:
Mas, se alguém odiar o seu próximo, ficar à espreita dele, atacá-lo e matá-lo, e fugir para uma dessas cidades, as autoridades da sua cidade mandarão buscá-lo nas cidade de refúgio, e o entregarão nas mãos do vingador da vítima, para que morra. Não tenham piedade dele. Eliminem de Israel a culpa pelo derramamento de sangue inocente, para que tudo lhes vá bem.
Percebam meus irmãos, que em todos esses casos, há uma coisa em comum: o sentimento de ódio, vingança, ira, raiva. Todas as vezes que esses sentimentos provocavam uma ação física que produz a morte de alguém, o homicida é considerado culpado pela quebra do sexto mandamento, e a sua punição era a morte.
Mas e se alguém não tiver a intenção de matar, porém agir de forma negligente, e por causa de sua negligência, outra pessoa vier a morrer, haverá quebra do sexto mandamento? De acordo com a lei de Deus, sim.
Existem pelo menos dois exemplos na lei de Deus. O primeiro, em Êxodo 21:28-29, que diz assim:
Se um boi chifrar um homem ou uma mulher, causando-lhe a morte, o boi terá que ser apedrejado até a morte, e a sua carne não poderá ser comida. Mas o dono do boi será absolvido. Se, todavia, o boi costumava chifrar e o dono, ainda que alertado, não o manteve preso, e o boi matar um homem ou uma mulher, o boi será apedrejado e o dono também terá que ser morto.
Eu sei que provavelmente ninguém aqui tenha um boi em casa. Então, deixe eu ilustrar de outro modo: Se você tem um cachorro em casa que é violento, que costuma atacar e morder pessoas, você não deve deixá-lo solto. Pois caso seu cachorro mate alguém, você terá quebrado o sexto mandamento.
O segundo exemplo, está em Deuteronômio 22:8, que diz:
Quando algum de vocês construir uma casa nova, faça um parapeito em torno do terraço, para que não traga sobre a sua casa a culpa pelo derramamento de sangue inocente, caso alguém caia do terraço.
Antigamente, não havia energia elétrica nas casas, logo, não havia ar condicionado ou ventiladores, então era costume construir casas com um terraço a céu aberto, para que os moradores da casa pudessem se refrescar durante a noite. Esse local servia como uma sala de estar adicional.
Porém, o dono da casa deveria ter o cuidado de construir um parapeito no terraço, para que ninguém caísse de lá e viesse a morrer, pois, se isso acontecesse, ele seria culpado de quebrar o sexto mandamento.
Ou seja, não adianta você construir uma casa de três andares, ou um prédio, e não colocar proteção nas janelas e sacadas. Não adianta você falar: cuidado, não chegue perto da beirada, se você cair, a culpa é sua. Não! A culpa é de quem fez a construção sem se preocupar em cuidar da vida do próximo.
Esses textos mostram, meus irmãos, que o sexto mandamento proíbe não apenas o homicídio premeditado, mas também a morte causada por negligência, quando alguém deixa de se preocupar com a sua própria vida ou com a vida alheia, e embora tenha a oportunidade de prevenir e de proteger a vida, deixa de fazê-lo.
Ou seja, quando o Mandamento diz: “Não matarás”, devemos entender que esse mandamento além de proibir expressamente o assassinato, ele também nos comanda a valorizar a vida. Devemos ser incentivados a valorizar, preservar e proteger a vida.
No entanto, é importante entender que o mandamento não se limita apenas ao ato físico de matar. Jesus Cristo, no sermão do monte, explicou o real significado deste mandamento.
Vamos ver como Jesus interpretou o sexto mandamento, em Mateus 5:21-22:
Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’, e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’. Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: ‘Racá’, será levado ao tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco!’, corre o risco de ir para o fogo do inferno.
Precisamos lembrar que os escribas e fariseus estavam evidentemente procurando restringir a aplicação do sexto mandamento apenas ao ato do homicídio, isto é, ao derramamento de sangue humano. Eles diziam como nós: “eu nunca matei ninguém”.
Mas Jesus discordou deles e discorda de nós também. O que Jesus está dizendo é que a proibição do sexto mandamento vai muito além do ato físico em si.
De modo ainda mais profundo, Jesus traz luz a esse mandamento e nos ensina que ele diz respeito não apenas a restringir nossas mãos, ou seja, nossas ações físicas, mas também a restringir nossos corações, ou seja, nossos sentimentos, nossas emoções e nossas palavras.
Jesus está ensinando que o sexto mandamento condena qualquer forma de violência, ódio, raiva e desejo de vingança que possa levar à destruição da vida humana. O que Jesus está ensinando é que o sexto mandamento não condena apenas quem mata seu semelhante, pois Deus condena também a inveja, o ódio e a ira, e exige que amemos nosso próximo como a nós mesmos, que mostremos paciência, paz, gentileza, misericórdia e amizade para com os outros, e que, na medida do possível, tomemos medidas preventivas para produzir o bem e evitar o mal das pessoas, inclusive dos nossos inimigos.
Em Mateus 15:19, Jesus diz:
Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias.
João diz algo parecido, em 1 João 3:15:
Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem vida eterna em si mesmo.
O ódio, a ira, a cólera, são as raízes do homicídio que brotam em nossos corações e que nos fazem quebrar o sexto mandamento.
Jesus está nos ensinando que o sexto mandamento promove o amor ao próximo.
O aspecto positivo de não matar é amar. Como Paulo explicou, em Romanos 13:9-10, que diz:
Pois estes mandamentos: “Não adulterarás”, “não matarás”, “não furtarás”, “não cobiçarás”, e qualquer outro mandamento, todos se resumem neste preceito: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. O amor não pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da lei.
Um bom exemplo disso está na parábola do bom samaritano, que Jesus contou em Lucas 10:30-37. Vocês conhecem a história. Um homem descia de Jerusalém para Jericó e, no meio do caminho, alguns salteadores lhe roubaram e bateram muito nele, e o largaram para morrer na estrada. Um sacerdote e depois um Levita passam pelo local e veem o homem ferido, precisando de socorro, mas passa longe. Um certo samaritano também passa pelo local, mas ao ver o homem quase morto, teve compaixão dele, cuidou dos seus ferimentos, levou-o para um lugar seguro e tratou dele.
Nesta parábola, os ladrões que atacaram o homem e o deixaram para morrer, quebraram o sexto mandamento; Porém, o Sacerdote e o Levita, que omitiram socorro a ele, também quebraram o mandamento. Apenas o samaritano, que viu a vida de um homem em perigo, e fez o que estava em suas mãos para preservar aquela vida, cumpriu o mandamento.
Por isso eu te pergunto, meu irmão: como anda o seu amor ao próximo? Quantas vezes você já sentiu ódio por alguém em seu coração? Quantas vezes você já desejou que alguém morresse? Talvez algum político? Algum ministro da suprema corte? Quantas vezes a sua ira não se manifestou em palavras, em xingamentos em desrespeito ao próximo? Pense nas vezes em que você levou uma fechada no trânsito, e sua primeira reação foi gritar “racá!!! (racá é um insulto que expressa desprezo pelo intelecto da pessoa, algo do tipo: estúpido; cabeça de vento; cabeça-oca; burro; jumento; anta; animal).
Atualmente, na era das redes sociais, existem os haters, pessoas que passam o dia destilando ódio, usando palavras ofensivas e desrespeitando as pessoas. Quantas vezes você mesmo não destilou sua raiva na internet? Manifestando seu ódio contra pessoas que, independente de quem sejam, refletem a imagem de Deus.
Tiago 3:9 diz que muitas vezes “Com a língua bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus”. Isso é a quebra do sexto mandamento.
Quantas vezes você desprezou alguém? Negou ajuda a alguém? Deixou de socorrer alguém? Quantas vezes você foi negligente e acabou colocando em perigo a vida do seu próximo? Talvez, quando você dirigiu seu carro de forma imprudente, em alta velocidade, furando o sinal vermelho, virando na contramão, colocando pedestres e outros motoristas em perigo, apenas porque queria chegar mais cedo em casa ou no trabalho. E eu nem vou falar em dirigir embriagado ou sob o efeito de alguma substância que limita sua capacidade motora, como drogas ou medicamentos.
Quantas vezes você pensou em tirar a própria vida, que também reflete a imagem de Deus, acreditando que assim resolveria seus problemas? Sim, atentar contra a própria vida, seja em pensamento ou em ação, é uma quebra ao sexto mandamento.
Percebam, meus irmãos, como é fácil quebrarmos o sexto mandamento. Eu não sei vocês, mas como eu disse, estudando este tema, me senti um assassino em série, pois não foram poucas as vezes em que eu agi com desprezo à vida do meu próximo; e não foram poucas as vezes que eu nutri a ira no meu coração.
Se formos honestos, vamos reconhecer que já quebramos diversas vezes o Sexto Mandamento em algum nível.
Por isso, eu quero encerrar a mensagem de hoje trazendo três aplicações práticas, que nos ajudarão a compreender e aplicar o mandamento “não matarás” em nossa vida diária.
1. Promova a paz
Como cristãos, somos chamados a ser pacificadores em um mundo cheio de conflitos. Devemos buscar a paz em nossos relacionamentos, famílias, comunidades e nações. Isso implica em escolher o diálogo, a negociação e a resolução de conflitos de forma pacífica, em vez de recorrer à violência ou ao ódio.
É justamente isso que Paulo nos orienta a fazer, quando diz, em Romanos 12:18: Façam todo o possível para viver em paz com todos.
2. Cultive o perdão
O perdão é um elemento fundamental para aplicarmos o 6.º mandamento em nossas vidas. O ódio e o ressentimento podem levar a atitudes destrutivas. Como vimos, o ódio no coração, a ira e os insultos estão nas raízes do homicídio. No entanto, o perdão nos liberta desse ciclo destrutivo, permitindo que a cura e a reconciliação ocorram. Devemos perdoar aqueles que nos ofendem e buscar reconciliação sempre que possível.
Em Efésios 4:31-32, Paulo diz: Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo.
3. Valorize a vida desde o início
Em uma sociedade onde o aborto é uma realidade presente, devemos levantar a voz em defesa da vida desde o momento da concepção. Devemos apoiar e oferecer alternativas às mães em situação de vulnerabilidade, garantindo que elas tenham o apoio necessário para escolher a vida em vez do aborto.
Quando vemos, por exemplo, mães solteiras, nosso sentimento, como cristãos, não deve ser de repulsa, mas de acolhimento. Pois aquela mãe solteira tomou a decisão certa de não tirar a vida de alguém que carrega em si a imagem de Deus.
Embora a Bíblia não tenha um versículo claro a respeito do aborto, há vários versículos que mostram que Deus ama a vida desde o momento em que ela é gerada, ainda no útero da mãe.
O Salmo 139:13-16 deixa isso bem claro, quando diz:
Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza. Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir.
A própria lei de Deus, prevista no antigo testamento, já salvaguardava a vida do feto. Vejamos o que diz Êxodo 21:22-23:
Se homens brigarem e ferirem uma mulher grávida, e ela der à luz prematuramente, não havendo, porém, nenhum dano sério, o ofensor pagará a indenização que o marido daquela mulher exigir, conforme a determinação dos juízes. Mas, se houver danos graves, a pena será vida por vida.
Isso deixa claro, que quando se inicia a vida biológica, ainda dentro do útero materno, já existe uma pessoa feita à imagem de Deus, criada para a honra e para a glória dele, e com uma vida que merece e deve ser protegida tanto pela família quanto pela sociedade. E nós, como cristãos, precisamos valorizar isso.
CONCLUSÃO
Portanto, se você já é um cristão, avalie como você tem lidado com esse mandamento.
Você é um defensor da vida? Você valoriza aqueles que foram criados à imagem e semelhança de Deus, desde a concepção? Você se preocupa com a dor e o sofrimento do próximo? Você busca ajudar os outros em suas necessidades?
Ou será que você tem sido marcado por um temperamento explosivo, caracterizado pela ira? Ódio, brigas, confusões, ira e gritarias fazem parte da sua rotina? Se sim, este é o momento de se arrepender e buscar a Deus, buscar cultivar um espírito manso e tranquilo.
Agora, se você ainda está em busca de conhecer a Cristo. Se você ainda não se arrependeu de seus pecados e não recebeu Jesus como Senhor e Salvador de sua vida, convido você a considerar o chamado de Deus para amar e valorizar cada vida humana.
Jesus é o nosso refúgio. Nele, encontramos perdão, cura e uma nova perspectiva sobre a vida. Jesus é aquele que deu Sua própria vida para que pudéssemos ter vida em abundância. Ele é a resposta para o vazio, para a dor e o desespero, e a verdadeira e única cura para a violência em uma sociedade marcada pelo desrespeito à vida.
Que possamos, juntos, buscar a transformação da sociedade, promovendo a reconciliação, lutando contra a violência e levando a esperança de Cristo para aqueles que estão em necessidade. Que Deus nos abençoe e nos capacite a vivermos de acordo com o Seu mandamento, para que possamos ser uma luz de esperança em um mundo que tanto precisa.
Amém!