Meus irmãos, eu gosto muito de ver vídeos na internet. Dou muitas risadas. Mas tem um vídeo em particular que eu acho muito interessante. É um vídeo que mostra algumas pessoas atravessando uma espécie de ponte suspensa, formada por vários degraus espaçados, na beirada de uma montanha altíssima, e elas precisam atravessar saltando de um degrau para o outro. Porém, apesar de assustador, a travessia é segura, pois as pessoas estão conectadas a um cabo de segurança. Vocês já viram esse vídeo?
É engraçado como algumas pessoas, mesmo conectadas ao cabo, ficam com medo da travessia. Elas não deveriam ter medo. Elas estão seguras! Porém, em um dos vídeos, aparece um homem atravessando a ponte corajosamente, saltando degrau por degrau, mas quando ele chega ao final da ponte, descobre que nunca esteve conectado ao cabo de segurança.
O texto que vamos expor essa noite me fez lembrar um pouco desse vídeo. Pois é um texto que mostra pessoas que estão conectadas e seguras, mas que ainda assim vivem com medo. Enquanto outras, por pensarem estar conectadas, vivem a vida sem medo nenhum, mas ao final descobrem que nunca estiverem de fato seguras.
O texto que vamos expor hoje é João 15:1-11. Vamos à leitura do texto:
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda. Vocês já estão limpos, pela palavra que lhes tenho falado. Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados. Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido. Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos. “Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço. Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa”.
Para que possamos entender a metáfora de Jesus, precisamos analisar melhor o contexto em que ela foi contada. Se voltarmos dois capítulos, vamos ver que Jesus contou esta metáfora na última noite antes de sua crucificação.
Vemos, lá no capítulo 13, que Jesus estava reunido com seus 12 discípulos e compartilhava com eles a última ceia antes de sua morte.
Durante a ceia acontecem algumas coisas importantes:
- Jesus ensinou sobre humildade e serviço ao lavar os pés de seus discípulos;
- Jesus revelou que um dos discípulos o trairia e indicou a João que era Judas, mas os demais não entenderam;
- Após Judas sair da presença deles, para traí-lo, Jesus disse aos demais discípulos que havia chegado a hora do pai ser glorificado pela obediência do filho, e que ele iria para junto do pai, indicando que seria morto.
- Jesus mostrou a fragilidade de Pedro, ao prever que ele o negaria três vezes.
Ou seja, aquela era uma noite tensa.
O líder do meu Pequeno Grupo sempre diz que gosta de imaginar o que as pessoas da época estavam sentindo ou pensando. Isso é muito bom para entender melhor o que a Palavra de Deus está nos ensinando. Então peço que vocês façam o mesmo agora.
Imaginem como estava a mente e o coração desses discípulos. Se coloquem no lugar deles. Eles largaram tudo para seguir o Jesus. Eles abandonaram suas redes. Eles abandonaram seus negócios. Eles deixaram suas vidas anteriores e investiram tudo o que tinham no projeto de seguir Jesus. A vida deles era seguí-lo.
E agora? Diante da notícia de que o seu mestre vai morrer; de que um deles é um traidor; de que Pedro, que parecia ser forte, vai fraquejar; o que mais viria pela frente? Como eles deveriam viver diante da notícia de que Jesus os abandonaria? Como eles poderiam continuar suas vidas? Como eles serão supridos? O que vai acontecer com eles? O que vai acontecer com o traidor? O que vai acontecer com Pedro?
Provavelmente eles estavam angustiados, com medo, cheios de dúvidas, e inseguros.
Em resposta à angústia e ao desespero dos discípulos, o Senhor Jesus faz um discurso que vai do capítulo 14 até o final do capítulo 16, que é chamado de DISCURSO DE DESPEDIDA.
Seu propósito, naquela noite, foi consolar e fortalecer os discípulos diante de tudo o que viria pela frente. Tanto é verdade que Ele começa o discurso dizendo “não se perturbe o coração de vocês” (João 14:1), e termina dizendo: “tenham ânimo! eu venci o mundo” (João 16:33).
Jesus os consola, chamando-os a confiar e crer nele, pois a sua ida para o Pai era, na verdade, para o bem deles. Afinal, ao ir para o Pai, Jesus estaria:
- preparando um lugar para eles na casa do Pai, destacando que Ele é caminho, a verdade e a vida, e que ninguém vai ao Pai, se não por ele (Cap. 14:1-6);
- rogando ao pai, e Ele enviaria outro consolador, o Espírito Santo, o espírito da verdade: que os ensinará todas as coisas; que os fará lembrar tudo o que Jesus os havia ensinado; que os guiará por toda a verdade; que convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo, e que estará, para sempre, habitando com seus discípulos e fazendo neles morada (Cap. 14:16-25; 15:26; e 16:1-15);
Além disso, Jesus alertou seus discípulos de que, assim como o mundo o odiou sem motivo e o perseguiu, assim também os seus discípulos seriam odiados e perseguidos (Cap 15:20-25; 16:2).
É nesse contexto que Jesus apresenta a metáfora da videira e dos ramos.
É entre a promessa da presença do Espírito Santo e a ameaça do ódio do mundo, que Jesus usa a metáfora da videira e dos ramos, para ilustrar a relação entre Ele, os discípulos e Deus Pai.
O primeiro objetivo de Jesus, com a metáfora da videira e dos ramos, é preparar seus discípulos para os desafios que viriam após sua partida, incentivando-os a cultivar uma vida de comunhão constante e íntima com Ele. Pois, mesmo diante da separação física, existe uma conexão espiritual entre Jesus e seus discípulos, e é justamente a permanência nessa relação espiritual que fornecerá tudo o que eles precisam para viver;
O segundo objetivo de Jesus, com a metáfora da videira e dos ramos, é alertar seus discípulos sobre o perigo de seguir o exemplo de Judas, que não permaneceu nessa comunhão íntima com Jesus.
A grande ideia dessa metáfora é que ensinar que:
“somente aqueles que permanecem em Jesus, sob os cuidados do Pai, podem dar frutos que o glorificam, e que resultam em bênçãos e em alegria completa”.
Por se tratar de uma metáfora, ou seja, de uma figura de linguagem que tem por objetivo comparar duas realidades parecidas, vou separar a mensagem de acordo como as figuras vão sendo apresentadas por Jesus, para que possamos entender a relação dessas figuras com a verdade que Ele quer ensinar a seus discípulos, e então ao final, faremos algumas aplicações para as nossas vidas.
1) A primeira figura que temos na metáfora é a figura da videira (v. 1).
A primeira comparação que Jesus faz é entre ele e a videira. Jesus diz: Eu sou a videira verdadeira…
Poderíamos fazer um sermão inteiro só tratando da afirmação de que Jesus é a videira verdadeira, de tão rica que é essa afirmação. Mas como não quero que a mensagem seja muito longa, vou fazer apenas três apontamentos rápidos sobre o que significa o fato de Jesus ter dito: “eu sou a videira verdadeira”.
Primeiro : Essa é a sétima vez que Jesus usa a expressão “eu sou” no evangelho de João. Ele já havia dito:
- Eu sou o pão da vida (João 6:35), que sacia a fome daquele que crê;
- Eu sou a luz do mundo (João 8:12), que tira das trevas aquele que crê;
- Eu sou a porta das ovelhas (João 10:7), que salva aquele que entra por ele;
- Eu sou o bom pastor (João 10:11), que dá a sua vida pelas ovelhas;
- Eu sou a ressurreição e a vida (João 11:25), que dá vida aos que creem;
- Eu sou o caminho, a verdade e a vida (João 14:6), ninguém vai ao pai a não ser por ele;
E agora ele diz: “Eu sou a videira verdadeira”.
Todas as vezes que Jesus usa essa expressão “EU SOU” ele está literalmente se colocando em pé de igualdade com o pai. Ele está afirmando que Ele e o Pai são um só Deus. Ele está afirmando a sua divindade com o Pai, pois ele está usando para si o mesmo nome que Deus Pai usou para si, em Êxodo 3:14.
O fato de Jesus ser um com Deus, deveria alegrar e consolar o coração dos discípulos. Jesus está dizendo: Eu sou Deus, eu sou um com o Pai e vou para o Pai. Mas mesmo que eu vá, mesmo que fisicamente eu não esteja presente, mesmo que vocês não estejam me vendo, lembrem-se, eu e o pai somos um.
O que Jesus está dizendo é que, assim como Deus Pai é Deus de perto e de longe (Jeremias 23:23), Ele também é, e mesmo fisicamente longe, não deixará faltar nada a seus discípulos. Ele continuará cuidando e provendo tudo o que seus discípulos precisam para viver. Por isso, tenham bom ânimo.
Segundo: a videira representa plenitude e vida em abundância. Todo mundo sabe o que é uma videira?
Uma videira é aquilo que chamamos de “pé de uva”. É a planta que produz uvas, da qual se faz o vinho. E a videira e o vinho, para os judeus, além de serem símbolos de alegria, eram símbolos de plenitude e vida em abundância.
Ou seja, quando Jesus afirma ser a videira verdadeira, ele está afirmando a seus discípulos que Ele é a verdadeira fonte de vida e abundância, a verdadeira fonte de sustento para aqueles que o seguem, então eles não deveriam se preocupar com a sua partida.
Terceiro: Jesus diz que ele é a videira verdadeira. Essa afirmação tem um grande significado para os discípulos que ouviram suas palavras. Como judeus, seus discípulos estavam familiarizados com a imagem e a importância da videira para a nação de Israel. Isso porque, no antigo testamento, a videira simboliza a nação de Israel. A nação de Israel era chamada de a videira de Deus.
Nós vemos isso em textos como Salmos 80:9-16; Isaías 5:1-7; Isaías 27:2-6; Jeremias 2:21-22; Jeremias 12:10; Ezequiel 15:1-8; Ezequiel 17:1-21; Ezequiel 19:10-14; Oséias 10:1-2.
Em todas essas passagens é destacado uma fase de cuidado de Deus e uma fase de juízo de Deus, uma fase onde a videira está vistosa, e uma fase onde ela é destruída, por não produzir bons frutos. A falta de bons frutos, nessas passagens, está ligada à desobediência de Israel.
Ou seja, ao dizer que ele era a videira verdadeira, Jesus está afirmando que aquilo que a nação de Israel não conseguiu ser, Ele é.
Se a nação de Israel falhou em ser obediente a Deus, Jesus não falou. Ele foi obediente a Deus até o fim.
Filipenses 2:8 diz que Jesus: “sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!
Se a nação de Israel falhou em ser a fonte de vida e de nutrição espiritual para todas as outras nações, Jesus não falhará.
Filipenses 2:9-11 diz que em razão da obediência de Jesus, “Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”.
Nesse sentido, os discípulos não deveriam desanimar. Se eles estivessem, de fato, conectados à Jesus, se eles tivessem, de fato, uma fé genuína nele, eles estariam seguros.
2) A segunda figura que temos na metáfora é a figura do agricultor (v. 1 e 2).
Jesus diz, nos versos 1 e 2: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda.
O que Jesus está ensinando é que, embora Ele e o Pai sejam um, eles são pessoas distintas, com responsabilidades e papéis distintos na história.
Enquanto Jesus é a videira, a fonte pela qual a vida plena se manifesta, o Pai é o agricultor, aquele que plantou a videira e que a cultiva.
A função do Pai, como agricultor, é cultivar e cuidar da videira, para que ela traga glória ao agricultor. E a maior glória de um agricultor é observar que a sua plantação está produzindo frutos.
Por isso, o agricultor, ao cuidar e cultivar a videira,vai trabalhar de duas maneiras:
1. Ele corta da videira todo ramo que não dá fruto.
Ou seja, o papel do agricultor é, em primeiro lugar, manter conectado à videira apenas os ramos que dão frutos, isto é, apenas aqueles que se mantém verdadeira e intimamente conectados com a videira, recebendo dela os nutrientes necessários para se manterem vivos, e que, por isso, dão frutos.
O agricultor faz isso arrancando fora, cortando, os ramos que, embora estejam na videira, não mantém uma conexão íntima e verdadeira com ela, não se alimentam de sua seiva, não usufruem dos nutrientes que a videira fornece, e, por essa razão, são ramos mortos, secos, sem vida e sem frutos.
Não sei se todos já viram um pé de uva, mas essa imagem pode ser observada em qualquer árvore ou planta. Sempre há um ramo ou um galho, que embora esteja conectado ao tronco, está seco, sem vida. Embora ele esteja ligado à planta, não recebe dela seus nutrientes. Está morto. Esse ramo ou esse galho, precisa ser arrancado, para que possa dar lugar aos ramos vivos.
É isso que o agricultor faz.
A segunda maneira do agricultor trabalhar é podando:
2. Ele poda ou limpa todo ramo que dá fruto, para que ele dê ainda mais fruto.
Ou seja, o segundo papel do agricultor é limpar os ramos que dão frutos, para que eles se fortaleçam e produzam ainda mais frutos.
Quem entende um pouco de agricultura, de plantação ou de jardinagem, sabe que a poda é uma operação fundamental para o desenvolvimento correto das plantas e para garantir uma boa safra de uvas.
No site da embrapa, que explica sobre o cultivo da videira, diz o seguinte: “É importante que o produtor tenha em mente que podar não é simplesmente suprimir galhos, mas sim escolher e deixar na planta, e na posição adequada, as gemas férteis que são fundamentais para a frutificação, qualidade e manutenção da estrutura da videira”.
Ou seja, a poda auxilia no crescimento dos ramos e corrige problemas estruturais que comprometem o desenvolvimento e a produção da videira.
Eu não entendo nada de agricultura, por isso, eu não saberia que ramos precisam ser podados e que ramos precisam ser cortados fora. Provavelmente, eu acabaria matando a planta toda.
O que Jesus está ensinando a seus discípulos é que eles não devem se preocupar, pois o Pai sabe qual ramo precisa ser podado e qual precisa ser cortado. Ele nunca cortará um ramo produtivo, como também nunca deixará passar um ramo que não produz.
Nenhum ramo da videira será podado sem necessidade, e nenhum ramo da videira será cortado de forma injusta. O agricultor sabe o que faz, e tudo o que ele faz é para o bem da videira.
A questão é: quem são os ramos?
3) A terceira figura que temos na metáfora é a figura dos ramos (v. 5 ).
Jesus diz, nos versos 5 e 6: “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados.
Jesus está olhando para aqueles homens e dizendo: vocês são os ramos. Essa figura é extremamente importante para a lição que Jesus quer ensinar aos discípulos.
E a primeira lição que Jesus quer ensinar é que, por serem apenas os ramos, as pessoas não têm vida em si mesmas. Todos os nutrientes que trazem vida aos ramos não são produzidos pelo próprio ramo, mas pela videira. Sem a videira o ramo nada pode fazer.
Nesse sentido, os ramos só têm vida se estiverem íntima e verdadeiramente conectados à videira. Caso não haja uma íntima conexão, a seiva da videira não alimentará o ramo, e o resultado será apenas um, o ramo seca e morre.
Mas se houver uma conexão íntima entre o ramo e a videira, o resultado também será apenas um: esse ramo dará muito fruto.
A palavra mais importante dessa metáfora é, sem dúvida, a palavra “permanecer”. Jesus usa essa palavra 11 vezes nesse texto. Permanecer é um imperativo, uma ordem direta de Jesus a seus discípulos. Eles devem permanecer.
Isso mostra que não há meio termo aqui: ou o ramo permanece verdadeiramente conectado à videira, e tem a vida da videira fluindo dentro de si, ou ele está morto e será cortado, mesmo que aparentemente esteja ligado à videira.
E se nós somos os ramos, e Deus é o agricultor, então Deus vai podar e limpar o ramo que dá fruto, para que ele dê mais fruto.
Nesse sentido, a poda é o cuidado de Deus para com os que são verdadeiramente cristãos. É o processo no qual Deus tira de nossas vidas tudo aquilo que estiver nos impedindo de sermos mais frutíferos.
E não são poucas as vezes que Deus vai usar o sofrimento para isso. Deus usa as adversidades da vida, as dificuldades, as nossas lutas, e a sua disciplina, para nos tornar mais frutíferos.
O autor mostra esse processo de uma forma brilhante em Hebreus 12:5-6, quando diz:
“Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho”.
Então, se você tem experimentado a disciplina de Deus, tenha isso por motivo de alegria, pois isso é um sinal muito claro de que Deus o recebeu como filho, como um ramo frutífero. Ele não está te cortando, está te podando, para que você amadureça, se fortaleça e se torne mais parecido com Jesus, mais santo e mais frutífero ainda.
Por outro lado, se Deus nunca o disciplinou, nunca o corrigiu, nunca o fez abandonar práticas e hábitos antigos, se ele nunca despertou o desejo em você de ser mais santo, obediente e mais parecido com Jesus, deixa eu te avisar: isso é sinal de que você será cortado.
Uma coisa que precisa ficar muito clara aqui é que essa metáfora não está falando sobre perder a salvação.
Jesus não está falando sobre pessoas que, um dia foram salvas, que foram vivificadas por ele, que receberam dele o seu Espírito, que tiveram um relacionamento íntimo e verdadeiro com ele, e que depois se afastaram e abandonaram a fé. Absolutamente não! Até porque, não existe pessoa assim.
Paulo diz, em Filipenses 1:6, que estava “convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus”. Ou seja, se Jesus começou a obra de salvação em alguém é certo que ele vai completar essa obra.
O próprio Senhor Jesus disse, em João 6:37-39: “Todo o que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei. Pois desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia”.
E, em João 10:27-30, Jesus também disse: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um”.
Portanto, Jesus estaria se contradizendo se estivesse falando, com essa metáfora, sobre a possibilidade de alguém perder a salvação.
Na verdade, quando Jesus fala daqueles que não permanecem nele, Ele está falando de pessoas que um dia disseram estar em Cristo; que afirmaram ser seus seguidores e até mesmo discípulos; que inclusive realizaram milagres em seu nome; mas que nunca tiveram a vida de Cristo fluindo em suas vidas.
O que Jesus está fazendo é mostrar aos discípulos a realidade de que existem pessoas que caminharam com Jesus, que participaram com Ele dos milagres, mas que nunca creram verdadeiramente em suas Palavras. Olhando para o contexto dessa passagem, fica claro que Jesus está fazendo uma referência a Judas, o traidor.
- Judas andou com Jesus e desfrutou da proximidade que teve dele.
- Judas ouviu as palavras de Jesus sobre o evangelho do reino.
- Judas presenciou os milagres e participou de obras incríveis que comprovaram que Jesus era o filho de Deus.
Se você olhasse para Judas, juntamente com os demais discípulos de Jesus, caminhando com o mestre, você seria incapaz de apontar qual deles era o traidor. Qualquer um de nós, ao olharmos para Judas, o reconheceria como um discípulo de Jesus.
Mas mesmo assim, Judas não permaneceu em Cristo. Ele foi cortado. Ele partiu rumo à sua própria destruição.
E por que isso aconteceu?
Porque no fundo, Judas nunca creu verdadeiramente no evangelho. Judas sempre seguiu Jesus para alcançar seus próprios interesses. Ele nunca seguiu Jesus por amor. Ele nunca foi limpo pelas palavras de Jesus.
Para entendermos isso, quero chamar à atenção dos irmãos ao versículo 3, dessa metáfora.
Veja o que Jesus diz, especificamente, aos 11 discípulos que permaneceram com ele: Vocês já estão limpos, pela palavra que lhes tenho falado.
Jesus deixa claro que aqueles discípulos, os que permaneceram, já estavam limpos. Eles foram limpos, por meio da palavra de Jesus, por meio do evangelho.
Isso fica ainda mais claro se voltarmos ao capítulo 13. Vamos voltar ao momento em que Jesus lava os pés dos discípulos. Vejam o que diz, João 13:5-11:
“Depois disso, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos seus discípulos, enxugando-os com a toalha que estava em sua cintura. Chegou-se a Simão Pedro, que lhe disse: “Senhor, vais lavar os meus pés?”. Respondeu Jesus: “Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tarde, porém, entenderá”. Disse Pedro: “Não; nunca lavarás os meus pés”. Jesus respondeu: “Se eu não os lavar, você não terá parte comigo”. Respondeu Simão Pedro: “Então, Senhor, não apenas os meus pés, mas também as minhas mãos e a minha cabeça!”
Agora, prestem atenção ao que diz os versos 10 e 11: Respondeu Jesus: “Quem já se banhou precisa apenas lavar os pés; todo o seu corpo está limpo. Vocês estão limpos, mas nem todos“. Pois ele sabia quem iria traí-lo, e por isso disse que nem todos estavam limpos.
Isso deixa claro que Judas nunca creu, de fato, em Jesus.
João entendeu bem isso, quando falou sobre falsos cristãos, em 1 João 2:19: “Eles saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos”.
Jesus não está ensinando que alguém pode ser real e verdadeiramente unido a Cristo pela fé e então separado. Em vez disso, ele está mostrando e alertando que, embora alguns possam parecer fazer parte do povo de Deus externamente, eles não têm uma união vital com o Senhor da vida.
Esta metáfora adverte contra a religião meramente externa. Ela adverte contra a negligência na vida cristã. Contra quem afirma ser cirtsão, mas é de fato infrutífero. Se houver falta de fruto, então certamente devemos parar e examinar nossos corações.
Portanto, examine seu coração nesse momento. Faça a si mesmo essas perguntas:
- qual tipo de ramos eu sou?
- sou dos ramos que permanecem ou dos que serão cortados?
- sou dos ramos que frutificam ou sou um ramo infrutífero?
- creio de fato no evangelho ou sigo Jesus apenas por conveniência?
- estou verdadeiramente conectado em Jesus e a vida dele, de fato, está fluindo por meios da minha vida, ou estou morto?
Esse autoexame é uma recomendação que Paulo faz, em 2 Coríntios 13:5-6, que diz: “Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem-se a si mesmos. Não percebem que Cristo Jesus está em vocês? A não ser que tenham sido reprovados! E espero que saibam que nós não fomos reprovados.”
4) A quarta e última figura que temos na metáfora é a figura dos frutos.
Jesus diz, nos versos 2, 4, 5 e 6: que todo ramo que permanece nele, dá muito fruto, e o que não dá fruto, será cortado.
O que são esses frutos?
Alguns estudiosos identificam esse fruto com o resultado da evangelização. Ou seja, os frutos seriam a quantidade de pessoas que se convertem por meio da nossa evangelização. Outros vão argumentar que esses frutos são os frutos do Espírito, descritos por Paulo em Gálatas 5:22-23: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio
Porém, embora a grande comissão e os frutos do Espírito estejam incluídas no fruto, não é especificamente disso que Jesus está dizendo nessa metáfora.
Vamos ver o que Jesus diz, nos versos 9 a 10:
“Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço.“
Percebam, meus irmãos, que o que caracteriza o permanecer no amor de Jesus, e consequentemente, implica em produzir frutos, é a nossa obediência.
Jesus diz que devemos permanecer no seu amor, e faremos isso, se obedecermos aos seus mandamentos.
Em seguida, ele usa a si mesmo como um exemplo de obediência. Assim como eu tenho obedecido o Pai, e permaneço no seu amor.
Jesus está afirmando aos seus discípulos que os que permanecem nele, devem andar como ele andou: em obediência.
É exatamente isso que João diz, em 1 João 2:5-6: “Mas, se alguém obedece à sua palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos nele: aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou.
E Jesus andou em obediência. Logo, ter uma vida frutífera é ter uma vida centrada na obediência aos mandamentos de Jesus.
Há uma lição muito valiosa aqui. A lição é: é possível estar na igreja todos os domingos e em todas as terças-feiras de oração; é possível participar de um PG; é possível ler a Bíblia inteira em um ano e ganhar uma medalha por isso, e, ainda assim, você não permanecer em Cristo. Não adianta vir ao culto, ouvir a pregação, pedir coisas para Deus, ler a bíblia toda, se você não obedece.
Tiago 1:22 diz: “Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos”.
1 João 2:4 diz: “Aquele que diz: “Eu o conheço”, mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele”.
Agora que sabemos que uma vida frutífera é uma vida centrada na obediência aos mandamentos de Jesus, que tal examinarmos novamente nossos corações?
Será que a sua e minha vida estão centradas na obediência aos mandamentos de Jesus?
E agora sim, olhando para todos os aspectos dessa obediência, será que:
- tenho amado a Deus acima de todas as coisas?
- tenho amado meus irmãos como Jesus amou, de forma sacrificial?
- tenho amado meu próximo e até meus inimigos, inclusive perdoando-os?
- tenho sido um bom marido, que ama a sua esposa e dá a vida por ela?
- tenho sido uma boa esposa, que o auxilia o marido em sua missão de liderar a casa?
- tenho sido um bom pai, que instrui bem os filhos nos caminhos do Senhor?
- tenho sido um bom filho, que obedece e honra pai e mãe?
- tenho sido um bom funcionário, cumprindo minhas tarefas com o zelo e o respeito de quem faz o trabalho para Jesus?
- tenho sido um bom patrão, que trata bem os funcionários e paga salários justos?
- tenho levado a mensagem do evangelho às pessoas em minha volta?
- tenho agradecido a Deus pelo que tenho?
Meus irmãos, uma vida de desobediência demonstra uma desconexão com os ensinamentos de Jesus, e uma desconexão com Jesus.
Isso não significa que só permanecemos em Jesus se o obedecermos. Não é isso, pois se fosse Jesus estaria dizendo que a nossa ligação com ele é baseada nas nossas obras. E sabemos que não é assim.
Na verdade, se obedecemos os mandamentos de Jesus é porque nós o amamos (João 14:15), e se nós o amamos é porque Ele nos amou primeiro (1 João 4:19), e o seu amor está aperfeiçoado em nós (1 João 2:5).
Qualquer coisa de bom que possamos fazer aos olhos de Deus, na verdade será simplesmente uma resposta de gratidão àquilo que Ele já fez por nós. Se produzirmos mais e mais frutos, a glória sempre será toda d’Ele, como Jesus afirma, em João 15:8:
Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos.
5) As bençãos derramadas sobre os ramos que permanecem
Por fim, além das figuras da videira, do agricultor, dos ramos e dos frutos, a metáfora que Jesus contou apresenta ainda algumas bênçãos que são derramadas sobre os ramos que permanecem, sobre os ramos frutíferos, sobre aqueles que, verdadeiramente estão conectados em Cristo e cuja vida de Cristo flui por meio deles.
Vejamos o que diz os versos 7 e 11, da metáfora da videira: Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido. Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa.
Há duas bênçãos mencionadas por Jesus:
1. Pedirão o que quiserem, e lhes será concedido.
O que Jesus está dizendo é que quanto mais nutrimos pela videira, ou seja, quando mais ricamente a palavra de Jesus habitar em nós e fluir por meio das nossas vidas através de ações práticas, mais a nossa vontade será um reflexo da vontade de Jesus, e é por isso que nossas orações serão atendidas, pois serão baseadas na vontade de Dele, que flui de nós. Serão verdadeiramente orações feitas em seu nome, não no nosso nome.
2. Sua alegria será completa.
Muitas pessoas pensam que a obediência aos mandamentos de Jesus são um peso, um fardo. Mas Jesus insiste que sua própria obediência ao Pai é a base de sua alegria. E aqueles que o obedecem compartilharão da mesma alegria.
Meus irmãos, infelizmente muitos acreditam que a alegria humana não pode ser encontrada em uma vida de submissão. Por isso, muitos rejeitam a noção de autoridade. Eles dizem: Eu sou o dono do meu nariz e eu vou buscar a minha felicidade.
O problema é que, em um mundo arruinado pelo pecado, a alegria é efêmera, rasa, incompleta, passageira. Hoje você está alegre, mas amanhã um parente seu morre, você perde o emprego, você quebra uma perna, seu time do coração perde, e sua alegria vai embora.
O que Jesus está ensinando é que a alegria plena, completa e eterna só é encontrada em uma vida que permanece nele, que se alimenta dele, que é centrada na obediência ao seu evangelho.
É uma alegria que não depende das circunstâncias externas, mas apenas da presença constante de Cristo, da vida dele fluindo em nós, do amor compartilhado, e da obediência aos mandamentos de Deus.
QUERO CONCLUIR COM ALGUMAS APLICAÇÕES PRÁTICAS E RÁPIDAS
1. Dependência de Jesus: Os cristãos são chamados a reconhecer sua completa dependência de Jesus para a vida espiritual e para dar fruto que glorifique a Deus. Se você se considera cristão, não faz sentido você querer viver uma vida desconectada de Jesus. Sem ele, nada do que você fizer terá valor ou trará glória para Deus.
- Faça uma autoavaliação honesta da sua vida, para identificar se você está permanecendo em Jesus, ou, que áreas de sua vida Deus quer que sejam podadas, para que você seja mais frutífero.
2. Permanência no Amor: Permanecer no amor de Jesus é fundamental e se manifesta através da obediência aos Seus mandamentos. Se você é cristão, não faz sentido você viver uma vida de desobediência. Um ramo alimentado pela videira frutifica; um cristão conectado a Jesus obedece. Lembre-se: o fruto da obediência é uma evidência do seu verdadeiro relacionamento com Jesus.
- Faça uma autoavaliação honesta da sua vida, para identificar que áreas de sua vida Deus quer que sejam podadas, para que você seja mais frutífero, ou seja, mais obediente.
3. Aceite a poda espiritual de Deus: Esteja aberto à correção e ao crescimento espiritual. Deus molda nosso caráter através de desafios e disciplinas espirituais. Apesar do sofrimento momentâneo, a poda de Deus é para nosso bem. Alegre-se por estar sendo podado, e não cortado.
4. Vida de Oração: Permanecer em Jesus implica em uma vida de oração ativa e constante, onde os desejos e petições dos crentes são alinhados com a vontade de Deus, resultando em respostas eficazes às suas orações. Se as suas orações não estão sendo atendidas, avalie suas vontades e seus desejos e veja se eles estão conformados ao que Deus requer para sua vida.
5. Alegria Completa: A vida em Cristo não é apenas uma vida de dever, mas uma vida de alegria plena, encontrada em uma relação íntima e obediente com Jesus. Avalie sua vida e veja quais são as motivações que o levam a obedecer a palavra de Deus: é o senso de dever? é o medo? ou é a alegria de ter recebido dele a salvação?
6. Se você não é cristão, eu te convido a abandonar o seu senso de autossuficiência, e reconhecer que a verdadeira vida só é possível através de uma conexão real e íntima com Jesus.
Talvez você tenha vindo aqui atrás de cura, de bênçãos ou de alguma outra coisa que possa suprir uma necessidade ou apagar alguma dor que esteja sentindo. Pois bem, Jesus é o único que pode suprir verdadeiramente sua vida e te dar alegria completa e duradoura.
Basta que você se arrependa do seu pecado, da sua autossuficiência, do seu egocentrismo, e reconheça que Jesus é a videira verdadeira.
Creia nele!