O texto que vamos estudar é bastante conhecido. Vamos falar sobre a Torre de Babel. Quem aqui já ouviu falar na torre de Babel?
Praticamente todo mundo já ouviu alguma vez na vida a história da Torre de Babel. Muitas pessoas pensam que essa história de babel é apenas uma tentativa de ilustrar e explicar a origem de todas as línguas da terra. Afinal, foi na Torre de Babel que Deus criou as diferentes línguas e idiomas que temos hoje, não é mesmo?
Babel, também é muito conhecida como bagunça e confusão, pois é justamente esse o significado do seu nome. Quando algumas pessoas chegam em lugares muito movimentados, ou onde há muita gritaria, como uma grande feira, por exemplo, elas falam: a feira hoje estava uma verdadeira babel. Eu penso isso quando assisto a TV Senado: é gente gritando, se xingando, ninguém escuta ninguém, ninguém entende ninguém, ninguém respeita ninguém, é uma bagunça, uma confusão sem tamanho, é uma verdadeira uma babel.
Mas será que o propósito de Moisés, ao escrever essa história, era o de apenas explicar o surgimento dos mais diversos idiomas humanos? Será que era apenas isso que ele tinha em mente? Será que era isso que ele queria ensinar aos seus leitores originais? Creio que não. E é sobre isso que vamos falar hoje.
Vamos abrir nossas Bíblias em Gênesis. Faremos a leitura de Gênesis 11:1-9, que diz assim:
“Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar. Sucedeu que, partindo eles do Oriente, deram com uma planície na terra de Sinar; e habitaram ali. E disseram uns aos outros: Vinde, façamos tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o betume, de argamassa. Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra. Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam; e o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro. Destarte, o Senhor os dispersou dali pela superfície da terra; e cessaram de edificar a cidade. Chamou-se-lhe, por isso, o nome de Babel, porque ali confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra e dali o Senhor os dispersou por toda a superfície dela.”
Meu objetivo nesta noite é que, ao final dessa exposição, possamos sair daqui sabendo que nunca haverá unidade real e duradoura, em nenhuma área de nossas vidas, se essa unidade não for baseada e fundamentada na obediência à Palavra de Deus.
Para que possamos entender bem essa história, precisamos lembrar, primeiramente, que ela foi escrita por Moisés, inspirado pelo Espírito Santo, durante o período em que o povo peregrinava pelo deserto. E porque eles peregrinavam? Por não terem confiado na Palavra de Deus e por terem sido rebeldes e desobedientes, se negando a seguir em frente e entrar na terra prometida: Canaã. Eles viram a glória de Deus e os seus sinais, no Egito e no deserto, e ainda assim não o obedeceram.
Além disso, precisamos lembrar que essa história não é uma ponta solta no meio da das demais narrativas de gênesis. Ela faz parte de todo um contexto, e por isso, precisamos observar tudo o que estava acontecendo antes e depois dela ser contada.
E o que aconteceu antes?
Em Gênesis 1 a 3 vemos que Deus criou os céus e a terra e tudo o que neles há, concluindo sua obra com a criação da humanidade (homem e mulher). Deus viu que tudo o que havia feito era muito bom.
Vemos também que Deus dá algumas ordens ao homem, e eu quero destacar aqui duas delas. A primeira, em Gênesis 1:28: “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra”. A segunda, e mais conhecida, em Gênesis 2:16-17: “E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”.
A segunda ordem o homem desobedeceu logo de cara. Eles comeram do fruto, e essa desobediência foi a causa do pecado entrar no mundo, e com ele a morte, e por isso todos pecaram, como diz Paulo em Romanos 5:12.
Nos capítulos 4 e 5 vemos a narrativa da descendência de Adão, e a descrição do primeiro homicídio praticado por um de seus filhos. Caim mata seu irmão Abel em mais um ato de desobediência a Deus. Isso porque, no versículo 7 do capítulo 4, Deus disse que Caim deveria ter domínio sobre os seus desejos. Ele desobedeceu e deixou a sua ira dominá-lo, razão pela qual matou seu irmão.
No Capítulo 6, Deus chega a uma terrível conclusão: o homem é mau. Veja o que ele diz no verso 5: “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração”; Em razão dessa maldade Deus decide destruir a raça humana, mas acha graça em Noé, o qual é instruído a construir uma arca, onde ele e sua família (oito pessoas), e diversos animais, seriam salvos de um dilúvio futuro. Noé desobedece? Não! Ele obedece e é salvo do dilúvio. Os capítulos 6 a 8 vão contar essa história.
No início do capítulo 9, já depois do dilúvio, Deus faz uma aliança com Noé, com sua família, seus descendentes e com todos os animais e seres vivos da terra, de que eles nunca mais seriam exterminados pela água. E, já no versículo 1 do capítulo 9, Deus repete a Noé a primeira ordem que ele já havia dado a Adão, dizendo: “Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra.”.
Finalmente, no capítulo 10, Moisés traz o relato da descendência de Noé, e há algumas coisas interessantes que precisam ser destacadas neste capítulo, que dizem respeito com o texto da torre de babel, que vamos estudar hoje. Se os irmãos olharem para os versículos 5; 17 a 20; e 31, vão notar que houve uma dispersão entre os descendentes de Noé (Jafé, Cam e Sem), os quais se espalharam por toda a terra, e que essa dispersão levou em consideração a língua que cada um falava. O verso 32, último do capítulo 10, é mais específico. E diz: “São estas as famílias dos filhos de Noé, segundo as suas gerações, nas suas nações; e destes foram disseminadas as nações na terra, depois do dilúvio.“
Até aqui, Moisés não havia explicado o motivo dessa dispersão na terra, tampouco como era possível, pessoas da mesma parentela, falarem línguas diferentes. O que aconteceu? Porque o povo se dispersou e passou a formar diversas nações? Será que eles estavam cumprindo a ordem de Deus, que eu destaquei antes, de povoar toda a terra?
A história de Babel
E aqui que entra a história da Torre de Babel. A história de babel é uma história da desobediência e da rebeldia da humanidade contra Deus e uma história acerca da soberania de Deus sobre toda a humanidade.
Vamo ler novamente os versos 1 e 2:
“Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar. Sucedeu que, partindo eles do Oriente, deram com uma planície na terra de Sinar; e habitaram ali.”
Esse pequeno trecho nos mostra a unidade da humanidade.
O que o texto está nos afirmando, e o que Moisés estava buscando mostrar para o seus ouvintes, lá no deserto, é que já houve uma época em que toda a humanidade falava a mesma língua. Uma mesma forma de falar e de se comunicar. E que, em razão disso, havia uma união muito forte entre eles. Apesar de pouca referência histórica extra bíblica sobre isso, estudiosos concluem que, assim como houve um descendente em comum, houve também um idioma comum. Há, ainda, relatos de historiadores antigos que falam sobre uma era de ouro, quando todos falavam a mesma língua.
Quem nunca sonhou em ver a humanidade unida? Tendo os planos e objetivos comuns? Falando a mesma língua? Se entendendo? Caminhando junto? Não é lindo isso?
Quem já viajou para outro país, com uma língua que você não conhece, e se sentiu desconectado daquele povo? Aqui em Boa Vista, e talvez até aqui mesmo nessa igreja, tenham pessoas que, vindo da Venezuela, não falam e mal compreendem o português, e se sentem perdidos, fora do grupo.
Afinal, onde não há entendimento não há unidade, não é mesmo. Além disso, onde há unidade, há paz! Ainda que não plena, mas há uma harmonia que essa unidade causa nas pessoas.
Não é essa união que gostamos de ver ao acompanharmos uma copa do mundo? O esporte unindo as nações! Não é essa união que buscamos com a Organização das Nações Unidas, que busca a união e a paz entre todas as nações? Não é justamente a paz entre as nações o desejo de toda miss universo?
Ora, esse povo estava unido. Eles falavam uma só língua. Eles tinham tudo em comum, tanto assim que eles partiram juntos do Oriente até chegarem juntos numa planície na terra de Sinar (terra da Babilônia).
Nem toda unidade é boa
Então qual é o problema aqui meus irmãos? Essa unidade não parece boa? Deus não quer que o povo seja unido? Porque Deus resolveu bagunçar as coisas?
Sim, a unidade daquele povo parece boa. Mas nem toda unidade entre os povos, nem toda unidade entre as pessoas, por melhor que pareça, é boa aos olhos de Deus.
Deixe me dar alguns exemplos:
- uma unidade familiar formada entre pessoas do mesmo sexo. Ela pode até parecer boa, afinal, existe amor naquela relação, não é mesmo? Os dois não se amam? Que mal pode haver nisso? Há muitas pessoas que pensam assim.
- uma a união sexual entre homem e mulher fora do casamento. Isso não é bom? Não satisfaz? Não dá prazer? Como isso pode ser ruim? Também há muitas pessoas que pensam assim.
- uma unidade familiar formada entre um cristão e um descrente. Gente! Mas o que pode haver de errado nisso? Os dois não se amam? Vamos deixar a religião interferir nisso? Isso é absurdo, não é mesmo? E também há muitos que pensam assim.
O problema, é que todas essas formas de unidade, de união, que eu descrevi acima são claramente contrárias a ordens diretas que Deus dá em sua Palavra. E toda unidade, por melhor que pareça, que for contrária a vontade de Deus, é desobediência. E toda desobediência traz juízo sobre o homem desobediente:
“Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” – Efésios 5:6.
O pecado da humanidade retratado aqui era justamente a desobediência, e o objetivo de Moisés era justamente mostrar ao povo de Israel, que havia se rebelado contra Deus, que a desobediência à sua Palavra traria juízo sobre eles.
Unidade longe de Deus é desobediência
Mas onde está a desobediência nesses versos? Reparem o verso 2. O que acontece quando o povo chega na superfície localizada na terra de Sinar? Eles habitaram ali. Eles se estabeleceram. Eles fincaram suas raízes naquela terra e disseram, não vamos sair daqui. Era essa a ordem que Deus deu a eles? Não! A ordem foi: Povoem toda a terra. A vontade em habitar naquela terra contrariava às ordens claras de Deus.
Mas não foi apenas isso, vamos ler novamente os versos 3 e 4:
E disseram uns aos outros: Vinde, façamos tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o betume, de argamassa. Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra.
Esses homens não eram apenas unidos, eles colaboravam uns com os outros. Vejam as palavras utilizadas por Moisés: Vinde, façamos… Vinde edifiquemos… Isso não é ótimo? Imaginem meus irmãos, a humanidade unida e colaborativa? Isso é um sonho, não é mesmo? Quem não sonha com isso? Todos juntos, trabalhando juntos, construindo juntos um futuro melhor.
Imaginem, uma sociedade unida, cooperativa e colaborativa, que decide criar algo bom, uma cidade, uma torre alta, um lugar seguro para eles… como é que isso pode ser ruim?
Não é isso que os governos buscam hoje? Construir cidades seguras? Que tragam paz para o povo que nelas habitam? Não é isso que nós desejamos? Não é para isso que pagamos nossos impostos?
Não é para isso que criamos coisas novas? Novas ciências, novas tecnologias? Para aproximar as pessoas, criar uma unidade cooperativa, e passar por cima de todas as diferenças? Parece até um discurso político não é mesmo? Mas os políticos fazem esses discursos porque é isso que, de fato, todos nós queremos: união, cooperação e paz.
Será que não era essa a intenção da humanidade unida daquela época? Vejam: Eles estavam inventando e investindo em coisas novas, novas tecnologias que não existiam na época, coisas boas, coisas que são utilizadas até hoje… tijolos queimados e betume (hoje trocamos o betume pelo cimento, que é mais barato). Isso não foi bom? Não foi positivo? Porque então Deus estraga tudo?
O problema da desobediência está no coração
O problema irmãos, não está nas novas tecnologia que eles criaram – tijolos – nem mesmo na cidade ou mesmo na torre em si. O problema estava no coração daquele povo. Suas motivações reais eram más. Suas motivações eram frutos da desobediência a Deus.
Porque eles quiseram edificar uma cidade e uma torre?
- Edifiquemos para nós uma cidade e uma torre (v. 4). Percebem o egoísmo e egocêntricos nas intenções do povo. Para nós, para nosso deleite. Para nosso prazer. Para nossa segurança. É provável que para eles a cidade seria um lugar seguro, protegido. Talvez eles pensassem que dispersos por toda a terra seriam apenas pequenas tribos ou pequenas nações, que não teriam segurança nenhuma, nem força, nem poder. Essa cidade seria deles, por eles e para eles. Não havia Deus na jogada.
A questão é: Deus sempre interfere nos negócios humanos, de modo a mudá-los completamente, quando nossos negócios não o agradam, não o louvam e tampouco trazem glória a ele.
A pergunta que faço é: Será que você está edificando e construindo sua vida pensando apenas em si mesmos? Apenas no seu próprio deleite? Será Deus está em seus negócios? Em seus projetos? Ou seu foco é o seu Eu?
Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. (Tiago 4:2,3)
Moisés está lembrando ao povo, no deserto, e também a nós hoje, o que muitas pessoas, inclusive cristãos, rejeitam: que Deus é soberano sobre todas as coisas, a nível pessoal e global, seja sobre a humanidade e sobre a natureza. Ele é soberano sobre toda a sua criação. E, como soberano, é ele quem controla a história de modo que a sua vontade, e não a nossa, sempre prevalece no final.
“Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá.” (Provérbios 19:21)
Irmãos, podemos e devemos fazer nossos planos, traçar alvos, e eles podem até ser bonitos, como termos mais segurança, unidade, cooperação, ter um emprego melhor, uma profissão melhor, uma casa melhor, um carro melhor, Mas Deus pode interferir e mudar tudo, e Ele sempre vai interferir e mudar tudo quando nossos projetos não se coadunam a vontade dele.
É por isso que Tiago lembra, em sua carta (Tiago 4:13-16), que não devemos dizer: “Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos”. Não sabemos o que acontecerá amanhã. Não temos o controle de nossas vidas, Deus tem. Por isso devemos dizer: “Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo”.
- Para tornar o nome deles célebre – v. 4 – (fama). O segundo propósito do coração do povo era a fama. Eles queriam ter o nome deles exaltado. Um nome grandioso. E a torre seria edificada para isso. Um ponto interessante aqui meus irmãos, é que a torre não tinha necessariamente o objetivo de alcançar os céus no sentido de entrar na habitação de Deus e tomar o seu lugar. O texto também não fala em chegar aos céus no sentido salvífico, como se eles estivessem buscando a salvação por seus próprios esforços. Não é isso que o texto mostra. O texto fala de uma construção cujo tope chegue até aos céus, ou seja, uma construção alta, imponente, que faria as pessoas olharem e dizerem: Ual! O povo que construiu isso é top! Esse povo é o bichão! Ou seja: Eles buscavam a fama que essa construção traria.
Tanto assim que uma das coisas que causou medo no povo, e fez com que eles não entrassem na terra prometida, foi que a cidade dos amorreus, que habitavam a terra, “eram grandes e fortificadas até aos céus” (Deuteronômio 1:28).
A questão aqui diz respeito, portanto, ao enaltecimento de suas habilidades, de seus empreendimentos, da genialidades deles em construírem, com suas próprias mãos, algo gigantesco. Eles buscavam fama. Eles desobedeceram a Deus pois em seus negócios tentaram roubar a glória que pertence a Deus.
Interessante é que eles se louvavam entre si. Para pra pensar. Não existiam outras nações ainda. Só eles. Mas eles se louvavam entre si. Vejam o que fizemos! Vejam como somos grandes! Vejam como somos poderosos…
Quantas vezes nós mesmo não fazemos coisas semelhantes a essas? Talvez sejamos orgulhosos em nossas atividades, e queiramos, no fundo, fazer o nosso nome ser grande, ser conhecido.
Hoje, por exemplo, tem se falado muito em Personal Marketing. O que isso significa? Vender a própria imagem. Querer o reconhecimento pessoal, com o objetivo claro de tornar o seu próprio nome Grande, ser conhecido como o melhor.
As redes sociais são uma clara demonstração disso. Em geral, na grande maioria dos casos, o que se vê nas redes sociais são pessoas buscando visibilidade, correndo atrás de likes, querendo reconhecimento, e fazendo as maiores sandices para alcançar fama.
O homem caído, meus irmãos, tem uma tendência ao aplauso. Queremos os holofotes virados para nós o tempo todo. Isso é tão sutil que pode acontecer até mesmo dentro da igreja.
Quer um exemplo: Talvez você queira ser reconhecido como o melhor cantor do ministério de louvor. Ou o cara da oração. Ou um pregador ou professor tão bom quanto Spurgeon foi. Talvez isso seja algo coletivo. Veja: queremos ser a maior igreja. Queremos que a nossa igreja seja reconhecida na cidade toda. Queremos que nosso ministério seja o melhor de todos. Percebem a sutileza desse pecado? São coisas boas, mas se a motivação não for tornar o nome de Deus grande será sempre pecado. As vezes fazemos isso entre nós mesmos: sabe, quando você virá para um irmão e diz: olha, não vou dizer para não parecer orgulhoso, mas nossa igreja é a melhor da cidade.
Irmãos, todo orgulho e o desejo de grandeza é próprio do Diabo.
Assim acontece conosco, assim aconteceu com aquele o povo no início. Qual foi o resultado do desejo deles? Eles queriam um nome grande, mas receberam de Deus o nome de Babel, que significa confusão (v. 9).
Devemos ter cuidado e humildade em todas as coisas que fazemos, para não recebermos de Deus, ao invés da fama, a humilhação. “qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado” (Lucas 14:11).
Mais uma vez meus irmãos: não é errado buscar seus sonhos, os quais podem envolver um reconhecimento profissional, uma melhor posição na empresa, uma melhor formação, ou algo que, querendo ou não, te trará fama. Porém, em todos essas coisas devemos ter o objetivo de glorificar o nome de Deus, e não o nosso, nos colocando sempre debaixo da vontade dele.
Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor. (Jeremias 9:23,24).
Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva. (2 Coríntios 10:17,18).
- Para não serem espalhados por toda a terra – v. 4 – (desobediência). Aqui vemos nitidamente, com todas as letras, a desobediência do povo. O texto diz isso com todas as letras que eles não queriam cumprir a ordem de Deus de ter que se espalhar por toda a terra. Então pensaram: vamos fazer do nosso modo, conforme a nossa vontade. Vamos edificar uma cidade para nós, vamos fazer fama e vamos ficar aqui mesmo… e pronto. Nós decidimos, nós fazemos e a nossa vontade prevalecerá.
Toda desobediência encontra o “então” de Deus
E é aqui que entra a palavra principal de todo esse texto: ENTÃO! Vejamos o que dizem os versos 5 a 7:
“Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam; e o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro.
Esse então de Deus muda toda a história. Onde entra o então de Deus, a vontade humana é deixada de lado.
Qual era a vontade do povo? Lembrem-se, eles estavam unidos e estavam em cooperação mútua… tudo lindo… mas qual era a vontade deles? Não serem espalhados pela terra. Qual é a vontade de Deus? Que eles povoassem toda a terra. Qual vontade prevaleceu? A de Deus: “dali o Senhor os dispersou por toda a terra” (v. 9).
Percebam, irmãos, o jogo de palavras que Deus usa aqui ao dizer: Vinde, desçamos… É a mesma linguagem usada pelo povo. Vinde façamos, vinde edifiquemos…
É como se Deus dissesse: vocês vem? pois bem, eu também vou… Vamos ver qual vinde prevalecerá. Deus também diz: desçamos… Isso nos mostra que ainda que os homens quisessem construir coisas grandes, altas, cujo tope alcançasse os céus… eles ainda assim precisam subir… Enquanto Deus desce… quem está no alto? Quem é superior? Quem é soberano? É Deus! Deus está acima do homem e o homem está abaixo de Deus.
E muitas vezes nos esquecemos disso. Precisamos aprender o nosso lugar. Somos pequenos, Ele é grande. Não somos os senhores das nossas vidas, Ele é. Muitas pessoas não se conformam com suas vidas, inclusive muitos cristãos.
Talvez você aqui hoje esteja inconformado com algo que está acontecendo contigo. Mas não pensem que Deus é um gênio da lâmpada, que está a sua disposição para realizar seus desejos e a sua vontade. Se ele quiser, ele fará. Se for da vontade dele, vai acontecer, e se não for ele vai intervir e vai bagunçar os seus planos.
Muitas vezes parecemos crianças mimadas, batendo os pés diante de Deus gritando: eu quero, eu quero. O povo no deserto era assim, eram murmuradores, viviam reclamando e pedindo coisas a Deus. Eles precisavam entender, e nós também, que os planos de Deus prevalecem sobre os nossos planos, sempre.
Irmãos, a vontade de Deus é absolutamente soberana sobre as nossas vontades. Nossas vontades são importantes? Sim! Deus nos deu vontades. Mas elas nunca vão anular ou se sobrepor a vontade de Deus.
Outro dia vi na internet um “pastor coach” – Tiago Brunet – dizendo que: “Deus planejou nosso destino, mas nossas decisões podem alterá-lo”. Ele disse mais: “Deus tem o lápis do destino, mas o homem tem a borracha das decisões. Ele planeja coisas para sua vida e, de diversas formas, inclusive pelas suas decisões, você pode apagar o que Ele escreveu para você”. Gente isso é um absurdo sem tamanho. Nós não apagamos a vontade de Deus. Nunca!
Todas as vezes que a nossa vontade se opor a vontade de Deus, é a dele que prevalece e é a nossa que é apagada. Em qualquer área das nossas vidas. É a vontade dele que vai prevalecer, você gostando ou não.
Por exemplo: Deus queria evangelizar Nínive, Jonas não queria. Qual vontade prevaleceu? Paulo queria que o espinho em sua carne fosse retirado. Deus não queria. Qual vontade prevaleceu? Jesus orou pedindo que, se fosse possível, Deus retirasse dele aquele cálice amargo que ele beberia – a morte na cruz. Era possível? Sim! Se Deus quisesse sim! Ele é o Deus do impossível. Mas Deus disse não! Farei a minha vontade, e a vontade de Deus era moê-lo para remissão dos nossos pecados (Isaías 53:10-11).
O juízo e a graça de Deus
Agora irmãos, a pergunta final: Porque Deus não simplesmente destruiu a cidade e a torre, para então espalhar o povo por toda a terra, fazendo sua vontade? Porque ele, ao invés disso, criou uma confusão, com outras linguagens, outros idiomas? Não teria sido mais simples colocar tudo abaixo e fazer o povo sair correndo?
Sim, talvez teria sido mais fácil. Mas o problema, como eu já disse, não estava na cidade em si e nem na torre em si. O problema estava na unidade daquele povo, na unidade de um povo desobediente, egoísta, vaidoso e orgulhoso. A unidade de um povo rebelde, cujo coração estava completamente inclinado para o mal. E porque esse era o problema? A resposta está no verso 6: “e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer“. Ou seja, aqueles homens fariam coisas ainda piores.
Percebam, portanto, meus irmãos, que Deus, ao separar os homens em nações, com línguas e idiomas diferentes, está, não apenas exercendo juízo sobre a desobediência e espalhando-os sobre toda a face da terra, cumprindo assim a sua vontade, como também usando de graça para com a humanidade. Deus restringiu, nessa divisão, a maldade ainda maior que a humanidade, rebelde e unida, certamente faria. Essa restrição do mau é graça divina. É impressionante como Deus, quando traz juízo, traz também graça.
- Deus trouxe juízo sobre a desobediência de Adão, mas graça cobrindo a sua vergonha, por meio de um sacrifício.
- Deus trouxe juízo sobre Caim, ao expulsá-lo e puní-lo como um errante sobre a terra, mas graça ao colocar nele uma marca, para que outros não o matassem.
- Deus trouxe juízo sobre a maldade humana com o Dilúvio, mas graça ao preservar Noé.
- Deus trouxe juízo sobre a humanidade, separando as nações, mas graça ao refrear a sua maldade. E graça ainda maior é vista no Capítulo 12, quando Deus chama Abraão, um remanescente do mundo confuso de Babel, para fazer dele uma nova nação, a qual abençoaria as demais nações que ele acabara de espalhar pela terra.
Não é lindo isso? Deus é bom demais.
Deixe eu encerrar com algumas aplicações para nossas vidas:
1. Existe uma unidade e cooperação universal desejada por Deus.
Mas essa unidade não está fundamentada em um modelo social, em uma cidade, em um congresso mundial, na organização das nações unidas, em um governo humano e nem mesmo em um modelo de governo (esquerda ou direita). A paz das nações não se dá pela força humana, por acordos humanos, por artifícios humanos, por mais belas que sejam suas intenções. Deus não quer unidade baseada nessas ferramentas, por isso NENHUMA… vou repetir… NENHUMA DELAS FUNCIONA.
E porque não funciona? PORQUE DEUS NÃO QUER! A unidade que Deus quer e permite é aquela que está embasada e fundamentada na obediência a Ele.
Ou seja: se nós quisermos uma unidade universal, uma unidade das nações, essa unidade deve estar alicerçada na obediência e sujeição a Deus e na sua Palavra. Se não está, não vai funcionar, porque ele vai intervir e vai criar confusão.
E a união pelos métodos de Deus se dá de uma só forma, por meio da união que há em Jesus Cristo.
Essa unidade foi iniciada em Pentecoste, quando o Espírito Santo tomou conta do lugar onde o povo estava reunido, como um vento impetuoso, e, como línguas repartidas, como que de fogo, pousou sobre o povo e fez com que eles falassem, nas suas línguas normais, mas que fossem ouvidos nas línguas natais daqueles que os ouviam (Atos 2). Ou seja, Deus, ali, já dava indícios de que a confusão de Babel será um dia resolvida. Haverá um dia unidade de entendimento, em Cristo.
Porém, a unidade e a paz plena e eterna entre as nações só virá, de fato, quando Jesus voltar:
E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor. E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear. (Isaías 2:2-4)
Portanto esperai-me, diz o Senhor, no dia em que eu me levantar para o despojo; porque o meu decreto é ajuntar as nações e congregar os reinos, para sobre eles derramar a minha indignação, e todo o ardor da minha ira; porque toda esta terra será consumida pelo fogo do meu zelo. Porque então darei uma linguagem pura aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor, para que o sirvam com um mesmo consenso. (Sofonias 3:8,9).
Porém, já é possível, agora experimentarmos a paz que há em Jesus, ainda que não de forma plena, nem de modo completo em todas as nações.
Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; (Efésios 2:13,14a).
Jesus derruba as barreiras da inimizade e a confusão de Babel. A unidade verdadeira, requerida e desejada por Deus, está em Cristo e somente nele.
2. Existe uma unidade desejada por Deus a nível pessoal também. Vamos trazer isso para mais perto da nossa realidade:
Sua família: Você quer unidade e cooperação na sua família? Sua família é desunida, bagunçada, ninguém se entende, vive brigando. Quer que ela seja unida? Então cria um grupo no whatsapp que você vai conseguir isso, certo? Alguém já fez isso? Deu certo? Claro que não, vira bagunça, confusão.
Ou então programe um jantar de natal e convide toda da sua família. Você vai ver a confusão.
Só haverá unidade real em família se ela estiver debaixo do governo e da autoridade do Senhor Jesus Cristo. Aí sim Ele estabelecerá paz, harmonia, cooperação mútua. Quer unidade na sua família, evangelize-os. Pregue a eles o evangelhos e ore para que Deus, em sua vontade, os conceda a graça do arrependimento e da fé.
E o seu casamento? Quer unidade e cooperação em seu casamento? Vocês não se entendem? Parece que falam línguas diferentes? Sua mulher fala grego irmão? Que unidade e cooperação? Quer a harmonia no seu lar? Então programe uma viagem para você e sua esposa e a leve para Paris. Isso vai resolver, não é? Será? Pode até dar certo no início, mas quando as contas da viagem começarem a aparecer, então as brigas voltam com força total.
Quer unidade e cooperação de verdade no seu casamento? Se sujeite ao senhorio de Jesus e ao que ele diz, e obedeça. Pegue a Palavra de Deus e veja o que Jesus diz a respeito do casamento… então leia, absorva e obedeça. O que Jesus diz a respeito do marido? Ame sua esposa. Leia, absorva e obedeça. E a respeito da esposa? Sujeite-se ao marido. Leia, absorva, e obedeça. O que mais Deus diz: que no leito não haja mácula (traição, adultério, lascívia, prostituição, etc). Leia, absorva e obedeça.
Enquanto o casal estiver em desobediência às ordens de Deus para o casamento, Ele não abençoará com unidade e cooperação, pelo contrário, haverá apenas confusão e dispersão (brigas e separação).
E em nossas igrejas? A igreja está dividida, quer unificar? A igreja não está unida em um só propósito, não há cooperação entre os irmãos? Quer resolver isso? Bora fazer um retiro, não é mesmo? Ou então um encontrão na praça… Mas será que isso funcionará? Não! Tudo isso é bom, mas se a igreja não estiver obedecendo e se submetendo à Deus e a sua vontade, por exemplo, no ensino, na pregação fiel da Palavra, nas ordenanças, será pura perda de tempo e dinheiro.
Todas essas coisas são recursos artificiais que utilizamos, com as nossas próprias forças, nossa inteligência, nossa criatividade, para tentar estabelecer unidade… mas como eu disse no início:
Nunca haverá unidade real e duradoura, em nenhuma área de nossas vidas, se essa unidade não for baseada e fundamentada na obediência à Palavra de Deus.
Se você já está em Cristo, então não seja como os de babel, obedeça-o. Se você já foi transformado por Jesus em uma nova criatura, não seja como os de Babel, glorifique o nome dele por meio da sua vida. Se você estava afastado de Deus, por estar descontente, lembre-se, a vontade de Deus é soberana, aceite, obedeça e viva em paz com Ele. E se você que está aqui essa noite, ainda não crê em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, saiba que é somente nele você encontrará a verdadeira paz. Ele é o príncipe da paz, não há outro. Arrependa-se de seus pecados, e creia.
Eu encerro com a oração que Jesus fez por você e também por mim:
“E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim; Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” (João 17:20,21).
Que sejamos um, em Cristo!